Buscando curiosidades sobre libras? Bem, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) é reconhecida por lei no Brasil desde 2002. Ela possui estrutura gramatical própria e, além dos sinais, as expressões faciais e corporais também têm peso na comunicação. Por exemplo, pode haver um sinal que é o mesmo com as mãos, mas que uma expressão facial muda o seu sentido na frase.
No início de agosto de 2021, ficou determinado em um Projeto de Lei (PL) em que o tratamento da educação bilíngue de surdos passa a ser uma modalidade de ensino independente, com a Libras como primeira língua e o português como segunda. O PL prevê que a educação bilíngue deve começar na educação infantil e seguir ao longo da vida escolar. E a modalidade deve ser aplicada em escolas bilíngues de surdos, classes bilíngues de surdos, escolas comuns ou polos de educação bilíngue de surdos.
Mas, apesar de ser reconhecida oficialmente como uma língua brasileira, ainda há muitos fatos sobre a Libras que não são muito conhecidos. Por isso, separamos abaixo uma lista de curiosidades sobre libras. Confira!
Tipos de surdez
Como o próprio nome diz, Libras – Língua Brasileira de Sinais, é a língua oficial das pessoas surdas no Brasil, ou seja, é uma língua brasileira. Cada país possui a sua língua de sinais. Assim como cada país tem o seu idioma. Como o português é o do Brasil, a língua de sinais segue a mesma lógica. Mais que isso, cada região do país também possui variações, como acontece com as línguas da modalidade oral-auditiva.
Não seria possível haver uma única língua para todos os surdos do mundo, já que a língua é viva e conta com diversidade cultural ilimitada, sofrendo alterações à medida que o tempo passa e de acordo com cada pessoa e região.
Há alguns tipos de surdez e elas variam em:.
- Surdez de condução ou transmissão é causada no ouvido externo e médio e às vezes pode ser tratada com cirurgia ou medicamentos;
- Surdez neurossensorial é causada no ouvido interno ou vias nervosas. Pode acontecer de forma progressiva e costuma ser permanente;
- Surdez mista pode ser causada tanto no ouvido externo ou médio quanto no interno. Acontece uma combinação entre perda auditiva condutiva e neurossensorial;
Curiosidades sobre Libras
A Libras possui fonologia, morfologia, sintaxe e semântica próprias. Confira mais algumas curiosidades sobre Libras:
1- A Libras é uma língua reconhecida por lei no Brasil
No dia 24 de abril de 2002, a Lei nº 10.436 foi sancionada para reconhecer a Libras como meio legal de comunicação no Brasil. Desde então, esse meio teve várias conquistas.
Durante o Miss Brasil 2008, por exemplo, uma das candidatas se comunicava por meio de uma intérprete de Libras. Ela rejeitou a classificação de “deficiente auditiva”, alegando que poderia ser vista de forma pejorativa. De acordo com o IBGE, 9,7 milhões de brasileiros são surdos ou têm deficiência auditiva.
Curiosidades sobre libras: Libras não é um português em gesto
A Libras é uma língua autônoma. Ela faz parte da “Família Francesa” das línguas de sinais. Mas ela não é igual à Língua Francesa de Sinais, já que cada país tem a sua língua própria. Assim como o português brasileiro é diferente do português de Portugal, a Língua Brasileira de Sinais é diferente da correspondente de Portugal, a Língua Gestual Portuguesa.
2- Libras não é a língua natural de surdos
Não é correto afirmar que a Libras é a língua natural dos surdos. A palavra “surdos” abrange uma infinidade de pessoas. Como você viu, não há um único “tipo” de surdo em nenhum lugar do mundo, por isso a diversidade deve ser colocada sob os holofotes. Há surdos que ouvem, outros que não ouvem, alguns que usam Libras e outros que não usam.
Em outras palavras, a Libras pode ser a língua natural de uma criança surda se ela é filha de pais surdos que utilizam esta língua. Se um bebê nasce surdo em uma família sem surdos, a Libras não será sua primeira língua. A língua natural da criança poderá ser a utilizada pela família que ela convive. A Libras pode ser a língua natural de alguns surdos, mas não é possível generalizar como língua natural de todos eles.
3- Curiosidades sobre libras: nem todo surdo usa Libras
Não são todos os surdos que nascem surdos. Há os que perdem a audição de forma progressiva ou súbita em algum ponto da vida. Também há quem perde parte da audição. Há casos em que é possível optar pela reabilitação auditiva ou que o português é falado. Quando um ouvinte perde a audição após aprender o português, ele pode optar por implantes cocleares ou aparelhos auditivos. Também é possível não utilizar esses recursos e mesmo assim não usar Libras.
Há outros recursos além da Libras para surdos, como os aparelhos de amplificação sonora, que vêm sendo substituídos por implantes cocleares. Também há datilografia, escrita de sinais (signwriting) e mais.
4- Libras é diferente de gestuno
A Libras não é a mesma coisa que gestuno; esse segundo é a língua artificial de sinais conhecida como língua de sinais internacional. Ou seja, o gestuno é a língua que tem como intenção possibilitar a comunicação internacional.
O gestuno costuma ser utilizado para propósitos específicos: por exemplo, por surdos em conferências internacionais. Não é considerada língua, pois não possui gramática. Em vez disso, faz uso de sinais com a gramática de alguma das línguas de sinais que já existem.
5- Língua de sinais também possui regionalidade e as curiosidades sobre libras
Línguas surgem para ajudar o ser humano a expressar ideias e sentimentos. Na Libras, há regras gramaticais próprias e suas particularidades.
Dessa forma, ela é tão complexa e expressiva quanto a língua oral. E, assim como a língua oral, a Libras cria características próprias também de acordo com a nacionalidade e regionalidade.
6- Inserir legendas em vídeos não é 100% eficiente
Ao contrário do que comumente se imagina, inserir legendas em vídeos não é 100% eficiente para se comunicar com surdos. Isso porque nem toda pessoa com deficiência auditiva fala português. Por isso, é importante pensar em outras formas de acessibilidade em conteúdos audiovisuais.
Quem nasceu surdo ou perdeu a audição antes de ser alfabetizado em português pode encontrar na legenda do vídeo uma dificuldade. O aprendizado de um idioma está ligado à fonética e a acessibilidade em vídeo deve tentar abranger todos os públicos, e não apenas uma parcela.
7- Qual a origem da Libras?
A história da Língua Brasileira de Sinais começa no segundo império. Após convite do imperador Dom Pedro II, o francês Ernest Huet trouxe para cá a Língua de Sinais Francesa e implantou a Língua Nacional de Sinais, como se chamava na época.
Relatos indicam que o imperador tinha um neto surdo e buscava formas para ele estudar. Já outros relatos apontam que não se tratava de um neto, e sim de um parente próximo. Em qualquer cenário, Huet teria sido chamado para trazer uma solução para essa questão, já que ele era um grande estudioso formado no Instituto Nacional de Surdos de Paris.
Em 1855, Huet mostrou o projeto de criação de uma escola para surdos após identificar que a quantidade de surdos no Brasil era acima do imaginado. Dom Pedro II aceitou a proposta e o IISM – Imperial Instituto dos Surdos-Mudos foi fundado no Rio de Janeiro, em 1857. Na época, o IISM tratava apenas crianças surdas do sexo masculino. Atualmente, o local é conhecido como INES (Instituto Nacional de Educação de Surdos).
O termo surdo-mudo, inclusive, é incorreto e não deve ser usado, já que um deficiente auditivo pode não ser mudo. A mudez é outra deficiência e é raro alguém ter as duas ao mesmo tempo. Na realidade, já que muitos surdos não ouvem, acabam não desenvolvendo a fala.
Na escola, passou a ser ensinada uma língua de sinais que misturava a que existia na França com gestos usados no Brasil. Com essa mistura, começou a surgir a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Assim como a Libras, outras línguas de sinais pelo mundo surgiram graças à Língua de Sinais Francesa.
Mas, continuando a curiosidade sobre Libras…
Em 1880, no Congresso de Milão, na Itália, foram analisadas as abordagens utilizadas na educação de surdos pelo mundo. Muitos defenderam que o ensino deveria ser feito pelo método oralizado e a maioria votou pelo fim do uso das línguas de sinais em todo o mundo e adoção dos métodos oralizados. A decisão causou prejuízo para a Libras, mas ela continuou sendo usada informalmente.
O próximo passo importante na história da Libras aconteceu em 2002, com a publicação da lei nº 10.436, que a reconheceu como meio legal de comunicação e expressão. A lei contribuiu para uma sociedade mais inclusiva e garantiu uma melhor qualidade de vida.
Já em 2010, foi publicada a lei nº 12.319 com intuito de regulamentar a profissão de tradutor e intérprete de Libras, algo importante para atender à comunidade surda. A lei tornou possível avanços no campo do aprendizado, ensino e uso da Língua Brasileira de Sinais. E nos últimos anos, o tema virou objeto de discussão política.
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