Empresas que buscam adaptar-se para receber funcionários ou clientes que tenham alguma deficiência física ou intelectual devem estar atentas a chamada tecnologia assistiva, pois ela busca inclur os colaboradores na estrutura do seu espaço e na cultura organizacional do negócio.
Assim, neste artigo, compreenderemos o conceito de tecnologias assistivas, as suas categorias e quais podem auxiliar as empresas nessa jornada.
Boa leitura!
O que é tecnologia assistiva?
Segundo o Comitê de Ajudas Técnicas – CAT, da Secretaria de Direitos Humanos da República, tecnologia assistiva consiste em uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação, de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social.
Em resumo, a tecnologia assistiva não se resume a um dispositivo tecnológico em si. Ela trata também de metodologias e práticas inclusivas que podem e devem ser implantadas nos ambientes de trabalho a fim de promover a comunicação e exercício de atividades plenamente para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida.
O termo foi criado oficialmente em 1988, nos Estados Unidos. Já, no Brasil, foi instituído em 16 de novembro de 2016 pela portaria nº 142 do CAT. Assim, as tecnologias assistivas como instrumento de inclusão social são itens obrigatórios em empresas e escolas que possuam em seu quadro pessoas com deficiência e mobilidade reduzida.
Tanto o trabalho como a educação são direitos de todo cidadão. Mas, um estudo da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais – Ministério do Trabalho) apontou que:
- em 2018, existiam 7 milhões de pessoas com deficiência aptas ao mercado de trabalho;
- dessas, apenas 486 mil (7%) estavam registradas em emprego formal.
Esse cenário se estabelece pela falta de investimento e conhecimento da lei e das tecnologias assistivas. O que impõe barreiras às pessoas com deficiência no acesso à educação, transporte e trabalho.
Tipos de tecnologia assistiva
As tecnologias assistivas são divididas em categorias de acordo com a sua funcionalidade e natureza. Como vimos, elas não são apenas produtos tecnológicos, mas englobam também ações e práticas que promovam a inclusão.
Assim, autores da educação inclusiva classificam as tecnologias assistivas em:
Tecnologias de auxílio para a vida diária e prática
Nesta categoria podem ser relacionados materiais, utensílios e produtos que tem como objetivo promover autonomia na rotina da pessoa com deficiência, seja em casa, no trabalho ou na escola, produtos adaptados que auxiliam na alimentação, entre outras possibilidades.
Comunicação aumentativa e alternativa
Esta categoria de recursos é voltada para quem tem dificuldade de fala ou ausência, e, ainda, com dificuldade de escrita. Assim, encontram-se no mercado produtos como pranchas de comunicação, que são elaboradas com simbologia gráfica (BLISS, PCS e outros), letras ou palavras escritas, e utilizados pela pessoa com deficiência para comunicar qualquer coisa: anseios, dúvidas, entendimento.
Além das pranchas, há também dispositivos de voz, computadores com software de leitura e interpretação de textos e tradução para a língua brasileira de sinais.
Recursos de acessibilidade ao computador com a tecnologia assistiva
Esta categoria reúne aparatos que auxiliam a pessoa com deficiência a utilizar o computador com autonomia. Aqui, temos teclados em braille, ampliado, ergonômico, simplificado.
Além disso, mouses adaptados, trackball (bola de comando), programas que ampliam a tela, lupa virtual, entre outros, que são considerados tecnologias assistivas de acessibilidade ao computador.
Sistema de controle de ambiente
Esta categoria está voltada para pessoas com limitação motora que não conseguem sozinhas ligar aparelhos, iluminação ou sistema de refrigeração em determinados locais. Para isso, dispositivos conectados a um controle remoto podem facilitar a vida desta pessoa.
Ótima notícia é que, hoje, a inteligência artificial dos assistentes virtuais como Alexa e Siri auxiliam nos simples atos de ligar e desligar: luzes, ar-condicionado, aparelhos eletrônicos, por comando de voz.
Projetos arquitetônicos para acessibilidade
Esta categoria é definida por ruas, calçadas com acesso a pessoas de mobilidade reduzida ou com deficiência visual.
Assim, projetos arquitetônicos urbanos que possuem adaptações estruturais como rampas, elevadores, adaptações em banheiros, mobiliário entre outras, retirando ou reduzindo as barreiras físicas são enquadradas nesta categoria.
Órteses e Próteses
Esta categoria de tecnologias assistivas define aparelhos que melhoram ou possibilitam os movimentos em pessoas com deficiência motora ou que tenham perdido algum membro.
Assim, as órteses são colocadas junto a uma parte do corpo, garantindo melhor posicionamento ou estabilidade à pessoa. São feitas sob medida e de acordo com a necessidade de cada um. Já as próteses são peças artificiais que substituem, corrigem ou ampliam partes de uma função natural.
Adequação postural
A categoria que trata da adequação postural refere-se a recursos que contribuam para uma postura adequada da pessoa com deficiência. Essa postura pode ser sentado, deitado ou em pé. Então, entram nessa categoria ítens como estabilizadores ortostáticos, almofadas, entre outros.
Com uma postura adequada e confortável, a pessoa alcança um desempenho funcional. Cadeirantes, por exemplo, que passam boa parte de seu tempo sentados, precisam ter assento e recursos que não lhe causem dores ou outras sequelas por má postura.
Auxílios de Mobilidade
Neste grupo de recursos estão incluídas as bengalas, muletas, andadores, carrinhos, cadeira de rodas, equipamento e até mesmo estratégia utilizada e que contribua para a mobilidade de pessoas com deficiência.
Auxílio para pessoas cegas ou de baixa visão
Nesta categoria, por sua vez, estão relacionados equipamentos que buscam dar independência a pessoas com deficiência visual ou baixa visão.
Assim, recursos como auxílios ópticos, lentes, lupas e telelupas, softwares leitores de tela, leitores de texto, ampliadores de tela, hardwares com impressoras braile, entre outros.
Auxílios para pessoas surdas ou com déficit auditivo
Aqui, além dos recursos como equipamentos (infravermelho, FM), aparelhos para surdez, telefones com teclado-teletipo (TTY), sistemas com alerta táctil-visual, incluímos também dispositivos com tradução para libras, seja aplicativos ou plataformas que disponibilizam tais serviços em tempo real.
Além disso, a empresa pode ainda dispor de um intérprete de Libras para auxiliar o funcionário ou grupo de funcionários que necessita desse auxílio.
Adaptações em veículos
Aqui, por fim, consideramos como tecnologia assistiva equipamentos e recursos que permitam que uma pessoa com deficiência possa dirigir um veículo. Assim, facilitadores de embarque e desembarque, assentos e cintos adaptados, elevadores, rampas, entre outros.
10 tecnologias assistivas para inclusão de pessoas com deficiência na sua empresa
Agora que conhecemos as categorias das tecnologias assistivas, vamos indicar dez ferramentas, metodologias e recursos que podem ser utilizadas no escritório ou na empresa para assistir o funcionário com algum tipo de deficiência para que ele possa se comunicar plenamente e exercer suas atividades com autonomia, promovendo uma real inclusão social dele.
Espaços Adaptados
Aqui cabe ao empreendimento investir em um espaço físico inclusivo. A depender do tipo de deficiência do seu funcionário, realizar ações de melhoria do espaço, com corrimão de sustentação nos corredores, banheiros e escadas.
É importante também pensar no espaço que seja adequado para locomoção de um cadeirante, de uma pessoa com baixa ou nenhuma visão e mesmo de uma pessoa com deficiência auditiva.
Ergonomia na mobília
A ergonomia da mobília é importante para o funcionário com deficiência física. Dessa forma, adaptar mobílias para a necessidade física dele, como altura da mesa e cadeira, armário de arquivos, entre outros, são importantes para dar independência a esta pessoa durante a execução de suas atividades.
Sinalização por luzes
Este recurso pode auxiliar funcionários com deficiência auditiva a atender a chamadas, intervalos, convocações, ou qualquer outra comunicação que se queira estabelecer com ele.
Rampas e tecnologia assistiva
As rampas ajudam no deslocamento de pessoas com mobilidade reduzida ou cadeirantes. Na ausência de elevador na empresa, é importante recorrer a este recurso para promover a locomoção adequada destas pessoas na empresa.
Piso tátil
O piso tátil auxilia o funcionário com baixa visão ou nenhuma visão a se locomover pelo espaço da empresa. Também auxilia, assim como os outros recursos, na locomoção de possíveis clientes que também necessitem de tecnologias assistivas para buscar atendimento na empresa.
Sinalização de portas em braile
Recurso também voltado para funcionários e colaboradores com deficiência visual, estas sinalizações são importantes para identificação de setores de acesso como no botão do elevador, nas portas dos setores, banheiro, entre outros espaços que sejam de uso comum na empresa e ou de uso necessário para as atividades do funcionário.
Tradutor de Libras e tecnologia assistiva
Os tradutores de Libras são recursos que auxiliam o funcionário ou colaborador com deficiência auditiva. Como contratar um profissional intérprete de libras pode onerar o orçamento da empresa – ainda mais se houver mais de um funcionário que necessite do serviço ou mais de uma situação em que seja necessária a tradução -, cabe considerar o uso de plataformas de tradução de libras, como o ICOM.
Computadores adaptados
Os computadores devem ser adaptados tanto no quesito ergonômico, quanto na aquisição de mouse e teclado adaptados para o funcionário que tenha dificuldade motora no uso do computador usual.
Softwares de leitura
Recurso para funcionários com deficiência visual que auxiliam na leitura de documentos, relatórios e qualquer material que o funcionário precise ter acesso e conhecimento para desempenho de suas atividades.
Telefones adaptados na tecnologia assistiva
Telefones com dígitos maiores, sinalização por luz nas chamadas, dígitos em braile também ajudam a pessoa com deficiência visual e baixa visão a utilizar esse recurso, fazer ligações para outros setores ou para clientes, por exemplo.
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